
Meu filho tem uma propriedade rural e aí residem e encontram vários animais, alguns são feras. Enquanto há espaço, comida e supervisão, reina uma boa tranquilidade. Coexistem pacificamente cavalos, cachorros, gatos, galinhas, patos, veados, vacas, bois, perus e até lhamas. Os problemas começam quando a estrutura desmonta e quando o dono e os encarregados estão longes ou desinteressados ou mesmo sem jeito para o negócio.
Assim está o Brasil. Há na propriedade muito riqueza, muito espaço mas as coisas andam bagunçadas. Falta atenção e carinho. Os moradores estão enfermos, a comida está começando a faltar, e a vaca está indo para o brejo. Há uma consternação e frustração que ameaça transbordar.
Ainda tem duas feras que estão rosnando e ameaçando e tirando o restinho de paz que ainda porventura pode existir. O tempo está fechando e os moradores buscando algum tipo de saída já que desconfiam daqueles que lideram.
Quem é que pode por ordem na casa? O que pode controlar, separar e/ou apaziguar os antagonismos? As feras, em disputa, estão usando todo tipo de artificio para conseguir convencer a população que só eles têm a solução. Por um lado, apela se para o combate a corrupção, o bom comportamento moral, a religião e uma mistura de confusa autonomia individual e dependência com relação aos detentores de poder. O outro lado pauta pela uma suposta paz, respeito e igualdade mas também uma suposta noção indenitária de cada um, bem como a lembrança dos bons tempos que alguns ainda tem. Afinal havia muitas festas. Neste lado também há a ideia de que tudo ficara bem com o velho administrador apesar da fama de roubos e incompetência.
Cada fera imagina que pode, no seu gerenciamento, desenvolver produção e riqueza ou seja mais comida e mais oportunidade. Pelo menos aí está a promessa e a teoria.
Cada um tem sua potência, seus fans e seguidores mas não o poder suficiente para impor seu projeto e sua visão. Entre as feras, existe um grande curral cheio de seres que não apoiam nem um dos lados mas eventualmente vão ser constrangidos a engolir um ou outro.
Na falta de uma alternativa de meio-termo, a grande questão que precisa de resposta reside na resistência da estrutura ou seja, as instituições. O atual líder jura que vai jogar “dentro das 4 linhas” mas ao mesmo tempo seu discurso e declarações vem solapando e deteriorando a situação. Ha uma instabilidade grande, e quem reside na propriedade não sabe da administração de amanhã. Ha mudanças constantes de feitores, principalmente aqueles mais diretamente envolvidos com a situação descontrolada da pandemia que atinge todos em todos os cantos.
O grande líder da oposição que já foi muito querido, hoje sofre arranhões e feridas profundas que são decorrentes da fama de roubalheira e aparelhamento.
Neste quadro de opostos, não é fácil prever quem vai ganhar a batalha mas o que as partes precisam é entender uma coisa. A propriedade precisa continuar com uma estrutura e regras básicas. Sem isso, o rompimento levara a desagregação e continuidade de perdas que serão cada vez mais difíceis de recuperar.
O Brasil, em passado recente, sofreu a experiência de Animal Farm de Orwell, com consequências graves. A questão que persiste é se as “4 linhas” da propriedade e as regras existentes podem conter a ganância das feras promovendo sua contenção e domesticação para o bem de todos. Ao mesmo tempo, tem que questionar ate que ponto dura a resistência e resiliência de todos.
Oi, Steve, gostei dos bichos. Acho que não entendi bem o aviso “Respond to this post by replying above this line”. Abraços, all the best.
Helga Hoffmann Economista, membro do GACINT-IRI/USP
Colaborador de revistasera.info
e-mail: helga-hh@uol.com.br tel 5511 3663 6019
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Helga, Thanks but you are right. I don’t even see the “Respond…”…Oh well no big deal!
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