Retirement benefits in Brazil: Better than average?

Here is an article that was on the UOL.com.br site today. 

For public sector workers in Brazil, retirement benefits are quite generous but represent a disproportionate and unsustainable drain on the retirement system.  Retirees in the private sector top out at about 3500 reais or about 1600.00 US if I am not mistaken.

Brasileiro recebe aposentadoria de primeiro mundo, dizem especialistas

Sophia Camargo
Do UOL, em São Paulo

25/10/201306h00

 

O Brasil paga aposentadorias dignas do primeiro mundo. E essa afirmação vale não só para os funcionários públicos e políticos, mas também para os aposentados pelo INSS.

 

“Parece uma afirmação absurda, mas é até modesta. Em termos relativos, o Brasil paga aposentadorias até maiores que as do primeiro mundo”, diz Marcelo Caetano, economista e pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

 

A afirmação é embasada em dados da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) apresentados no Fórum Internacional de Seguros para Jornalistas, promovido pela seguradora Allianz, em São Paulo.

 

Segundo o alemão Michael Heise, economista-chefe da empresa, a taxa de reposição da previdência no Brasil é das mais generosas do mundo, ficando à frente de países ricos como Japão, Estados Unidos, Alemanha, Suécia, e também entre os maiores emergentes –Rússia, China e Índia.

 

Pelos dados, os brasileiros se aposentam, na média, com 85,9% da renda que tinham quando trabalhavam. Nos Estados Unidos, esse número cai para 42,3% e, no Japão, para 36,3% quando o trabalhador se aposenta. 

 

Marcelo Caetano, do Ipea, lembra que, para quem recebe um salário mínimo no Brasil, a taxa de reposição é de 100%. A média da taxa de reposição nos países da OCDE é de 60,8%.

 

 

 

QUANTO O TRABALHADOR MANTÉM DA SUA RENDA QUANDO SE APOSENTA

JAPÃO 36,3%
ALEMANHA 42,0%
ESTADOS UNIDOS 42,3%
COREIA DO SUL 46,9%
SUÉCIA 58,4%
RÚSSIA 65,1%
ÍNDIA 72,4%
ARGENTINA 81,1%
CHINA 82,5%
BRASIL 85,9%
MÉDIA DOS PAÍSES DA OCDE 60,8%
  • FONTE: Panorama de Previdência da OCDE-2012 (dados compilados por Michael Heise/Allianz)

 

O indicador é baseado em termos relativos, comparando o valor que o trabalhador recebia antes de se aposentar e o que obtém após a aposentadoria. Isso significa que, em termos nominais, um trabalhador dos Estados Unidos, cuja renda per capita é mais alta, irá receber mais dinheiro do que um trabalhador brasileiro. Mas, na proporção, o Brasil paga uma aposentadoria melhor.

 

Em reportagem recente da revista britânica “The Economist”, que estampou o Brasil na capa de sua edição para a América Latina e a Ásia com a manchete “Será que o Brasil estragou tudo?”, em meio a crítica à política econômica do país, a revista também apontou como solução para o país as reformas e reestruturação de gastos públicos, especialmente com aposentadorias.

 

Brasil pode levar 52 anos para ter renda per capita de 1º mundo

 

Esse é um dos fatores de preocupação dos especialistas com o futuro da população do país, que está envelhecendo de forma rápida, já que a transição demográfica dos países em desenvolvimento tem ocorrido de forma mais acelerada que na Europa.

 

Segundo Caetano, enquanto a Europa levou mais de 40 anos para ver a população com mais de 60 anos passar de 10% para 20%, o Brasil deve atingir esse nível em 25 anos. “E o pior, sem atingir o mesmo padrão de renda elevado dos países europeus”, diz. A renda per capita do brasileiro está em cerca de US$ 12 mil, enquanto a renda per capita da Europa é de cerca de US$ 35 mil.

 

“Se crescesse a uma taxa per capita média superior de 2% à dos países ricos, o Brasil levaria 52 anos para igualar a sua renda à dos países desenvolvidos.”

 

“A verdade inconveniente é que o Brasil terá que diminuir o nível de serviço da previdência para as pessoas mais velhas”, diz Heise.

 

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Em quanto tempo o PIB per capita do Brasil se igualaria ao de países ricos11 fotos

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Grécia: 20 anos. Com a crise, o PIB per capita da Grécia, hoje em US$ 24.505, está praticamente estagnado (alta de 0,06% ao ano). Seria ultrapassado pelo brasileiro em 20 anos Leia mais Yannis Behrakis/Reuters

 

Trabalhadores vão ter que se aposentar mais tarde

 

O pesquisador André Portela, coordenador do Centro de Microeconomia Aplicada e Microeconometria da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), afirma que, para diminuir os impactos do aumento da população idosa no crescimento do país e na geração de renda, será necessário aumentar a produtividade do trabalhador brasileiro.

 

“Com uma parcela menor de pessoas aptas a trabalhar, uma renda de país médio e uma estrutura etária de nação rica, o aumento na produtividade precisa ser brutal para garantir o crescimento econômico”, diz.

 

O presidente da seguradora Allianz, Edward Lange, declara que hoje há 5 aposentados para cada 10 brasileiros economicamente ativos e que, em breve, essa proporção será de 7 para 10. “Isso vai trazer uma pressão no sistema de previdência que precisa ser solucionada logo.”

 

Além do aumento da produtividade, que seria obtida com uma melhora da educação e qualificação do trabalhador, os economistas concordam que é necessário aumentar também a quantidade de anos trabalhados pelas pessoas.

 

“Aqui, as pessoas se aposentam aos 50, 55 anos, e isso não se sustenta no longo prazo”, diz Portela. “Se a idade idade mínima para aposentadoria fosse de 60 anos para a mulher e 65 para o homem, isso já traria um enorme alívio para o sistema”, diz Portela.

 

Aumentar a participação dos jovens no mercado de trabalho é necessário

 

Outra medida apontada é aumentar a participação da mão de obra do mercado de trabalho. “Hojem muitos jovens de 17 a 25 anos estão fora do mercado de trabalho e da escola. São a geração nem-nem”, diz Portela. “Políticas direcionadas a este segmento poderiam integrá-los no mercado de trabalho e aumentar a população economicamente ativa.”

 

Marcelo Caetano diz, ainda, que é preciso considerar bem-vinda a mão de obra especializada que venha de outros países, já que há muito tempo o Brasil não é mais um país de imigrantes. “Enquanto em 1900 o Brasil tinha 7,3% da sua população formada por imigrantes de primeira geração, hoje esse número é de apenas 0,3%.”

 

Empresas precisam incorporar trabalhadores mais velhos

 

O economista Michael Heise afirma que a Alemanha solucionou o problema ao aumentar a idade mínima para aposentadoria, além de promover outras reformas no sistema.

 

“Mas percebemos tarde demais, quando os trabalhadores economicamente ativos já estavam sendo supertaxados para poder sustentar os aposentados.”

 

Ele diz que, além disso, a Alemanha errou ao incentivar a aposentadoria dos mais velhos para abrigar os mais jovens no mercado de trabalho. “Isso se mostrou um equívoco. Os mais velhos precisam ser absorvidos pelas empresas, pois o tempo de vida aumentou e vai continuar aumentando.”

Another Critique Similar to Sakamoto’s

Luiz Ruffato from my home state of Minas Gerais wrote this at the Frankfurt Book Fair.  He was not censored by anyone as far as I know but those in government and those insecure in their patriotism may object.  Some of the criticism is quite cliche and similar problems exist elsewhere but the legacy and the ongoing issues still need to be addressed.

Be patient.  I copied this from the site: Diario do Centro do Mundo.

“Machistas”, “hipócritas”, “intolerantes”: o discurso sobre o Brasil de Luiz Rufatto, o easter egg da Feira de Frankfurt

Postado em 08 out 2013

rufatto

Ruffato

 

 

 

O escritor mineiro Luiz Rufatto foi o easter egg da delegação de 70 escritores brasileiros que foram à Feira do Livro de Frankfurt. Easter egg, para quem não está familiarizado com o termo, é o elemento surpresa escondido em games, músicas, filmes, quadros etc.

 

O “projeto Frankfurt” custou 18,8 milhões de reais, bancados pelo Ministério da Cultura, Ministério das Relações Exteriores, Funarte, Câmara Brasileira de Livros (CBL) e Biblioteca Nacional (BN). Começou com algumas confusões. Paulo Coelho reclamou da lista de autores e boicotou a festa, Paulo Lins se queixou de ser o único negro. O presidente do evento, Jürgen Boos, foi acusado de racismo.

 

Um pavilhão de 2 500 metros quadrados, construído em papel, foi encomendado a Daniela Thomas. A família de Daniela já estava representada, aliás, por seu pai, o cartunista Ziraldo.

 

Voltando a Rufatto: quem o escalou para o discurso de abertura, provavelmente, não tinha ideia do que viria. Ou, se tinha (uma hipótese remota), preparou uma pegadinha. Em seu blog, quando morou em Lisboa, Rufatto escreveu coisas como: “Acompanho, todos os dias, o noticiário do Brasil, pela TV Record, que ocupa o canal GNT por aqui. Polícia ocupa o Complexo do Alemão, corrupção no Legislativo, filhos da classe media assaltam e espancam doméstica (mas achavam que era uma prostituta, “justificaram”…). Nas outras redes de televisão, praticamente nada sobre o Brasil. Nos jornais, talvez amanhã, por problemas de fuso horário, teremos algo sobre a derrota da seleção na Venezuela… No mais, não existimos… nem mesmo em nossas tragédias cotidianas…”

 

Se a ideia era vender o Brasil (e o objetivo dessas feiras é esse), Rufatto pegou todo o mundo, com o perdão do clichê, de calças curtas. “O que significa ser escritor num país situado na periferia do mundo, um lugar onde o termo capitalismo selvagem definitivamente não é uma metáfora?”, começou ele. No final, foi aplaudido de pé pela maioria e vaiado por alguns (segundo a Deutsche Welle, Ziraldo berrava: “Que se mude do Brasil, então!”).

 

Rufatto foi corajoso e sincero. Não se sabe como a viagem vai acabar. Pode ser como a excursão dos Rolling Stones nos Estados Unidos em 72, com brigas de faca e ameaças de morte. Mas, hei, isso é Brasil. Deve terminar tudo numa boa, com uma feijoada na Prüfeninger Strasse.

 

Eis o discurso na íntegra:

 

O que significa ser escritor num país situado na periferia do mundo, um lugar onde o termo capitalismo selvagem definitivamente não é uma metáfora?

 

Para mim, escrever é compromisso. Não há como renunciar ao fato de habitar os limiares do século XXI, de escrever em português, de viver em um território chamado Brasil. Fala-se em globalização, mas as fronteiras caíram para as mercadorias, não para o trânsito das pessoas. 

 

Proclamar nossa singularidade é uma forma de resistir à tentativa autoritária de aplainar as diferenças. O maior dilema do ser humano em todos os tempos tem sido exatamente esse, o de lidar com a dicotomia eu-outro. Porque, embora a afirmação de nossa subjetividade se verifique através do reconhecimento do outro – é a alteridade que nos confere o sentido de existir –, o outro é também aquele que pode nos aniquilar… E se a Humanidade se edifica neste movimento pendular entre agregação e dispersão, a história do Brasil vem sendo alicerçada quase que exclusivamente na negação explícita do outro, por meio da violência e da indiferença. 

 

Nascemos sob a égide do genocídio. Dos quatro milhões de índios que existiam em 1500, restam hoje cerca de 900 mil, parte deles vivendo em condições miseráveis em assentamentos de beira de estrada ou até mesmo em favelas nas grandes cidades. Avoca-se sempre, como signo da tolerância nacional, a chamada democracia racial brasileira, mito corrente de que não teria havido dizimação, mas assimilação dos autóctones. Esse eufemismo, no entanto, serve apenas para acobertar um fato indiscutível: se nossa população é mestiça, deve-se ao cruzamento de homens europeus com mulheres indígenas ou africanas – ou seja, a assimilação se deu através do estupro das nativas e negras pelos colonizadores brancos. 

 

Até meados do século XIX, cinco milhões de africanos negros foram aprisionados elevados à força para o Brasil. Quando, em 1888, foi abolida a escravatura, não houve qualquer esforço no sentido de possibilitar condições dignas aos ex-cativos. Assim, até hoje, 125 anos depois, a grande maioria dos afrodescendentes continua confinada à base da pirâmide social: raramente são vistos entre médicos, dentistas, advogados, engenheiros, executivos, jornalistas, artistas plásticos, cineastas, escritores. 

 

Invisível, acuada por baixos salários e destituída das prerrogativas primárias da cidadania – moradia, transporte, lazer, educação e saúde de qualidade –, a maior parte dos brasileiros sempre foi peça descartável na engrenagem que movimenta a economia: 75% de toda a riqueza encontra-se nas mãos de 10% da população branca e apenas 46 mil pessoas possuem metade das terras do país. Historicamente habituados a termos apenas deveres, nunca direitos, sucumbimos numa estranha sensação de não-pertencimento: no Brasil, o que é de todos não é de ninguém… 

 

Convivendo com uma terrível sensação de impunidade, já que a cadeia só funciona para quem não tem dinheiro para pagar bons advogados, a intolerância emerge. Aquele que, no desamparo de uma vida à margem, não tem o estatuto de ser humano reconhecido pela sociedade, reage com relação ao outro recusando-lhe também esse estatuto. Como não enxergamos o outro, o outro não nos vê. E assim acumulamos nossos ódios – o semelhante torna-se o inimigo. 

 

A taxa de homicídios no Brasil chega a 20 assassinatos por grupo de 100 mil habitantes, o que equivale a 37 mil pessoas mortas por ano, número três vezes maior que a média mundial. E quem mais está exposto à violência não são os ricos que se enclausuram atrás dos muros altos de condomínios fechados, protegidos por cercas elétricas, segurança privada e vigilância eletrônica, mas os pobres confinados em favelas e bairros de periferia, à mercê de narcotraficantes e policiais corruptos. 

 

Machistas, ocupamos o vergonhoso sétimo lugar entre os países com maior número de vítimas de violência doméstica, com um saldo, na última década, de 45 mil mulheres assassinadas. Covardes, em 2012 acumulamos mais de 120 mil denúncias de maus-tratos contra crianças e adolescentes. E é sabido que, tanto em relação às mulheres quanto às crianças e adolescentes, esses números são sempre subestimados. 

 

Hipócritas, os casos de intolerância em relação à orientação sexual revelam, exemplarmente, a nossa natureza. O local onde se realiza a mais importante parada gay do mundo, que chega a reunir mais de três milhões de participantes, a Avenida Paulista, em São Paulo, é o mesmo que concentra o maior número de ataques homofóbicos da cidade. 

 

E aqui tocamos num ponto nevrálgico: não é coincidência que a população carcerária brasileira, cerca de 550 mil pessoas, seja formada primordialmente por jovens entre 18 e 34 anos, pobres, negros e com baixa instrução. O sistema de ensino vem sendo ao longo da história um dos mecanismos mais eficazes de manutenção do abismo entre ricos e pobres. Ocupamos os últimos lugares no ranking que avalia o desempenho escolar no mundo: cerca de 9% da população permanece analfabeta e 20% são classificados como analfabetos funcionais – ou seja, um em cada três brasileiros adultos não tem capacidade de ler e interpretar os textos mais simples. 

 

A perpetuação da ignorância como instrumento de dominação, marca registrada da elite que permaneceu no poder até muito recentemente, pode ser mensurada. O mercado editorial brasileiro movimenta anualmente em torno de 2,2 bilhões de dólares, sendo que 35% deste total representam compras pelo governo federal, destinadas a alimentar bibliotecas públicas e escolares. No entanto, continuamos lendo pouco, em média menos de quatro títulos por ano, e no país inteiro há somente uma livraria para cada 63 mil habitantes, ainda assim concentradas nas capitais e grandes cidades do interior. 

 

Mas, temos avançado. 

 

A maior vitória da minha geração foi o restabelecimento da democracia – são 28 anos ininterruptos, pouco, é verdade, mas trata-se do período mais extenso de vigência do estado de direito em toda a história do Brasil. Com a estabilidade política e econômica, vimos acumulando conquistas sociais desde o fim da ditadura militar, sendo a mais significativa, sem dúvida alguma, a expressiva diminuição da miséria: um número impressionante de 42 milhões de pessoas ascenderam socialmente na última década. 

 

Inegável, ainda, a importância da implementação de mecanismos de transferência de renda, como as bolsas-família, ou de inclusão, como as cotas raciais para ingresso nas universidades públicas. 

 

Infelizmente, no entanto, apesar de todos os esforços, é imenso o peso do nosso legado de 500 anos de desmandos. Continuamos a ser um país onde moradia, educação, saúde, cultura e lazer não são direitos de todos, mas privilégios de alguns. Em que a faculdade de ir e vir, a qualquer tempo e a qualquer hora, não pode ser exercida, porque faltam condições de segurança pública. Em que mesmo a necessidade de trabalhar, em troca de um salário mínimo equivalente a cerca de 300 dólares mensais, esbarra em dificuldades elementares como a falta de transporte adequado. Em que o respeito ao meio-ambiente inexiste. Em que nos acostumamos todos a burlar as leis. 

 

Nós somos um país paradoxal. 

 

Ora o Brasil surge como uma região exótica, de praias paradisíacas, florestas edênicas, carnaval, capoeira e futebol; ora como um lugar execrável, de violência urbana, exploração da prostituição infantil, desrespeito aos direitos humanos e desdém pela natureza. Ora festejado como um dos países mais bem preparados para ocupar o lugar de protagonista no mundo – amplos recursos naturais, agricultura, pecuária e indústria diversificadas, enorme potencial de crescimento de produção e consumo; ora destinado a um eterno papel acessório, de fornecedor de matéria-prima e produtos fabricados com mão-de-obra barata, por falta de competência para gerir a própria riqueza. 

 

Agora, somos a sétima economia do planeta. E permanecemos em terceiro lugar entre os mais desiguais entre todos… 

 

Volto, então, à pergunta inicial: o que significa habitar essa região situada na periferia do mundo, escrever em português para leitores quase inexistentes, lutar, enfim, todos os dias, para construir, em meio a adversidades, um sentido para a vida? 

 

Eu acredito, talvez até ingenuamente, no papel transformador da literatura. Filho de uma lavadeira analfabeta e um pipoqueiro semianalfabeto, eu mesmo pipoqueiro, caixeiro de botequim, balconista de armarinho, operário têxtil, torneiro-mecânico, gerente de lanchonete, tive meu destino modificado pelo contato, embora fortuito, com os livros. E se a leitura de um livro pode alterar o rumo da vida de uma pessoa, e sendo a sociedade feita de pessoas, então a literatura pode mudar a sociedade. Em nossos tempos, de exacerbado apego ao narcisismo e extremado culto ao individualismo, aquele que nos é estranho, e que por isso deveria nos despertar o fascínio pelo reconhecimento mútuo, mais que nunca tem sido visto como o que nos ameaça. Voltamos as costas ao outro – seja ele o imigrante, o pobre, o negro, o indígena, a mulher, o homossexual – como tentativa de nos preservar, esquecendo que assim implodimos a nossa própria condição de existir. 

 

Sucumbimos à solidão e ao egoísmo e nos negamos a nós mesmos. Para me contrapor a isso escrevo: quero afetar o leitor, modificá-lo, para transformar o mundo. Trata-se de uma utopia, eu sei, mas me alimento de utopias. Porque penso que o destino último de todo ser humano deveria ser unicamente esse, o de alcançar a felicidade na Terra. 

 

Aqui e agora.

 

 

 

 

Jacques Marcovitch: Former USP Rector – Interesting Comments on Brazil University Rankings

Jacques Marcovitch is an important intellectual with a long history in and out of academia.  He spoke at this year’s ABTCP (Pulp and Paper Convention) in Sao Paulo as he has been deeply engaged in promoting sustainable development.

When questioned that the University of Sao Paulo has fallen out of the top 100 university rankings, he responded that being in the top level was not a priority for the government and that there is contradiction between being a top level institution and one with the role of social incorporation.

Curious, in my opinion and concerning as well.

Here is the Portuguese text as reported at Celulose Online:

“Universidades no ranking das melhores do mundo não é prioridade do Brasil”, diz Jacques Marcovitch
Afirmação foi feita pelo docente da USP durante Sessão Florestal do ABTCP

Da Redação

10/10/2013 – Ontem (9), na abertura da Sessão  Técnica Florestal, o professor da FEA (Faculdade de Economia e Administração) da USP/ (Universidade de São Paulo), Jacques Marcovitch, ministrou uma palestra sobre as tendências mundiais e os desafios regionais do setor. Entre as várias informações, ele destacou que quem vai construir o futuro do mundo são os países têm suas universidades entre as 100 melhores do mundo.  

Curiosamente, um ranking apresentado recentemente mostrou que a USP, única universidade brasileira que fazia parte da lista de 100 melhores universidades do mundo, ficou de fora. E a Unicamp que estava entre as 200 melhores também caiu no ranking.  Isso quer dizer que o Brasil está caminhando na contra mão deste conceito? Com exclusividade ao portal CeluloseOnline, o professor apresentou uma resposta a essa pergunta: “O Brasil não tem a prioridade de inserir as suas universidades entre as melhores do mundo. Pelo contrário, quer utilizá-las para o que se chama democratização acesso universitário”. Ele ainda acrescentou: ” O que isso significa ? Ou você constrói uma universidade de padrão mundial ou você faz da universidade um instrumento de ação social. Não é possível fazer as duas coisas ao mesmo tempo”, afirmou. 

Governo

O docente  também comentou que o Estado também tem papel importante e precisa olhar para a universidade com objetivo estratégico. “ Isso não significa intervir nas universidades, mas significa dar para ideias e propostas que possam levá-las para esse padrão internacional”, disse ele. 

Segundo Marcovitch, a pauta brasileira de prioridades está mais próxima da questão interna do que da internacional, ao passo que a agenda nacional está voltada para os próprios interesses.  “Como você pode ter uma país sintonizado com as transformações internacionais, se todos os seus dirigentes são mais sintonizados aos problemas internos? Existe aí um espaço a ser conquistado para integrar nos governos pessoas que possam ajudar a construir o que chamamos de um Estado estratégico, que nada mais é do que governos que representam um Estado que tem a capacidade de responder rapidamente às oportunidades e as ameaças”, finalizou.

CeluloseOnline

 

 

 

 

A blog from Leonardo Sakamoto, well known Folha de Sao Paulo writer

Some people may think this is a bit over the top for “Brasil cordial”.  What do you think?  Are you used to “porradas”??

Welcome to Brazil! The Proud Land of Porrada

Leonardo Sakamoto

09/10/2013 14:07

Você que está todo animado para visitar o Brasil por conta da Copa do Mundo, no ano que vem, tenha cuidado. O brasileiro que detém qualquer tipo de poder não aceita ser contrariado. São pessoas muito sensíveis, que não reagem bem a críticas ou a qualquer argumento que fuja dos poucos elementos que possuem para explicar o mundo.

Dá para sair ileso disso? Sim, claro! Basta seguir algumas recomendações, como:

Se beijar alguém do mesmo sexo na rua, pode levar porrada.
Detectando a presença de fundamentalistas religiosos ou de pessoas machistas, preconceituosas e/ou homofóbicas (que são a maioria da população, infelizmente), evite proximidade física. Se for abordado, diga que já pagou o dízimo neste mês. Ou visualize uma rota de fuga.

Se criticar o discurso de ódio de um ruralista, pode levar porrada.
Não visite o Congresso Nacional em dia de votação de projeto de interesse da bancada ruralista caso não esteja com a carteirinha de vacinas em dia. Para saber o tipo de imunização, além da anti-rábica, clique aqui.

Se você é jornalista no lugar certo, na hora certa, pode levar porrada.
Aí, não tem muito jeito. Se estiver fazendo o seu trabalho em uma manifestação, provavelmente irá apanhar. Mantenha no bolso um papelzinho com seu tipo sanguíneo e contatos telefônicos em caso de emergência.

Se reclamar que alguém parou sobre a faixa de pedestres, pode levar porrada.
Não sei como é no seu país mas, por aqui, a prioridade do uso do espaço público é dos carros. Pedestres são considerados um incômodo detalhe, mas que já está sendo resolvido. E como qualquer fuinha pode ter uma arma, cuidado ao reclamar se estiver sem colete à prova de bala.

Se você estiver em uma festa e alguém te agarrar à força, não reclame, pode levar porrada.
Jovens brasileiros, principalmente os da classe média, levam a sério a máxima de que mulher na rua à noite está à disposição. Normalmente, andam em bandos, seja por questões de insegurança pessoal ou necessidade de reafirmar a masculinidade, esbanjando testosterona. Ao ver um tipo desses, não olhe para o lado.

Mais do que um país sem memória e com pouca Justiça, vocês visitantes irão encontrar um país conivente com a violência como principal instrumento de resolução de conflitos. A porrada é uma instituição nacional.

Enquanto esse país não acertar as contas com o seu passado, não terá a capacidade de entender qual foi a herança deixada por ele – na qual estamos afundados até o pescoço e nos define. A ditadura não criou a violência desmesurada, mas foi bem eficaz em sua institucionalização como método de controle social.

O Brasil não é um país que respeita os direitos humanos e não há perspectivas para que isso passe a acontecer pois, acima de tudo, falta entendimento sobre eles e, consequentemente, apoio, da própria população.

O impacto desse não-apoio se faz sentir no dia a dia com um grupo que sempre esteve no poder (ricos, brancos, homens, héteros…) aterrorizando, sozinhos ou através da polícia ou de representantes políticos, a outra parte da população.

Se ainda assim quiser vir, beleza. Mas tome cuidado. Gostamos de viver as tradições por aqui. Como o direito de deixar claro quem manda e quem obedece.

Através dela, a porrada, que é o que realmente nos une e nos faz brasileiros.

Copied from Folha de Sao Paulo

Invest or not to Invest

After the US and China, Brazil has been a favorite target for foreign investment.  Over the past years, the country has been receiving around 60 billion a year in FDI (foreign direct investment).  These funds prove important in supporting the government’s cash flow, reserves and balance of payments.  Brazil is currently running a trade deficit and the investment dollars make a difference.  More important, the ongoing flow of capital into the country validates the atmosphere of optimism and expectations of positive growth in the country of 200 million people.  Certainly, there are many, many investment opportunities and capital for in Brazil. In spite of difficulties, many investors are well rewarded as the consumer market grows both at the top and, in the middle, with the entry of new players into the market.  The role of consumption in the overall economy is approaching that of the US or around 70% of the GDP.

Nevertheless, the last couple of years have been challenging and perhaps some of the assumptions are changing.  The Economist provided its own self-fulfilling prophecy.  The magazine placed Brazil on the cover with Christ on Corcovado flying to the capiton “Brazil takes Off” in 2009.  Now the curse of being on the cover kicks in and the magazine shows Christ flying out of control and heading for a crash landing.  The new caption is that “Brazil blows it”.

Brazilians, like newspaper sellers, love a good story and such stories almost always involve narratives that tend to exaggerate the extremes.  So Brazil growing at 7.5% in 2009 was great and having grown only 0.9% in 2012 is the opposite extreme.  Over the 50 years that I have been working in Brazil, the country has gone from democracy to dictatorship and back to democracy.  The electorate has grown from less than 30 million to over 100 million.  People rapidly moved to the cities and the country is now 85 percent urban with a mass consumer culture.  TV, radio and sports have pretty standardized language and culture across a geographic expanse comparable to the USA.   Brazilian agriculture leads in numerous areas as the country has become self sufficient in food and a major supplier to the world.

The challenge is to improve the political framework and make the politicians more accountable.  Of course, this is a challenge that we see everywhere as we sit through the government shut down in the United States.

Brazil attracts and repels.  If you are in business, would you neglect a growing market of 200 million consumers?  Will you put up with the obstacles and lack of clarity?  Do your homework and then make the call.