Minha Experiencia com “Halo Âmbar”, Romance de Fernando Dourado Filho

Como estamos na Semana do Livro e também sou amigo (apenas no Facebook) do autor, quero comentar seu livro. Temos aqui uma obra de fôlego (mais de 500 páginas), mas a leitura é fácil, embora não simples. O livro me interessa de forma particular porque trata de uma família de imigrantes que chega ao Brasil da Europa depois da Segunda Guerra. No meu caso, minha família iniciou sua peregrinação ao Brasil na década de 50, logo após as personagens de Halo Ambar. De forma distinta, o romance de Fernando trata de uma família judia proveniente da Hungria, enquanto no meu caso, uma família norte-americana-alemã e cristã.

De particular interesse, então, temos justamente a interação das personagens com a história e um retrato bastante fiel dos acontecimentos políticos e sociais entrelaçados e interpretados através do olhar de um estrangeiro chegando para viver e estabelecer-se em uma nova pátria. No caso dos judeus, temos a experiência ímpar do Holocausto, das separações, perseguições e morte. Aqui, o Brasil representa uma esperança e um acolhimento, não necessariamente com carinho, mas ao menos com abertura e um princípio de igualdade de oportunidades. Os judeus do pós-guerra imediato ainda não tinham um país, mas formavam uma tribo com uma cultura enraizada em língua (iídiche e hebraico), religião e tradições milenares. Na minha família, principalmente pós-guerra, não se falava mais alemão, e meu pai havia se tornado pastor e depois missionário de uma seita batista. Enfim, “outsiders”, cada um com uma densidade diferente de tradições, vantagens e desvantagens.

No livro de Fernando, a família Neuman se forma no Brasil em 1950 com o casamento de Szymon com Brenda, também judia, mas nascida em Recife. Szymon ainda tinha Hana, nascida na guerra e cuja mãe não escapou dos nazistas, vindo a falecer em um campo de concentração. Por sorte, Hana escapa com o pai e acaba se abrasileirando, tendo como primeira língua o português. Em seguida, nascem Boris (1954) e Anita (1959), que, juntamente com Hana, acabam se tornando os principais personagens.

Não sei até que ponto as pessoas nascidas no novo milênio ou mesmo no último quarto do século XX se interessam pela história da década de 60 em diante no Brasil. Para mim e outras pessoas da minha geração, com certeza, são memórias de uma cultura vivida. Embora eu seja um pouco mais velho do que Boris e Anita,  tenho sobrinhos nascidos criados no Brasil,  e são exatamente da mesma geração. Assim, a leitura se torna mais divertida quando eventos como a passeata dos 100 mil em 1968 e depois o AI-5 em dezembro do mesmo ano fazem parte do enredo.

As transformações culturais entre os anos 50 e 80 são fundamentais para entender o Brasil de hoje, e a forma como o autor desenvolve o caráter de Boris e Anita e seus cônjuges, casos e namoros retrata de forma convincente as normas e “mores” em transição, chegando até 2020, ou seja, às primeiras duas décadas do novo milênio. No livro, Anita representa a época hippie, a contestação política e sexual. Hana, por sua vez, representa a academia e a rota dos docentes dentro da ditadura e depois. Boris, por outro lado, sofre de uma louca clarividência, ora conveniente, ora socialmente inconveniente e também engraçada. Além disso, toda a família tem que lidar com sua herança do judaísmo no Brasil e suas raízes, às vezes na Europa ou em um transplante eventual para Israel. Fernando aprofunda na cultura judaica no Brasil, e alguns podem até achar exagerado. Porém, o drama e o diálogo entre ser judeu e ser brasileiro, e ser brasileiro judeu, servem para impulsionar a narrativa. Assim, vão as experiências, como o topless do verão carioca em pleno governo militar, os sonhos com as garotas e as descobertas do prazer sexual, que poderiam ser até mais gostosos pela existência e quebra de normas antigas. Hana tem namoros e amantes entre seus alunos, e Anita é rebelde principalmente no comportamento social.

Como vivi o mesmo tipo de evolução, repressão, movimento estudantil, luta contra a ditadura, o uso de maconha e uma certa pretensão intelectual de esquerda festiva, o livro me ajudou a reviver as pessoas e as memórias de um período que, se não de desenvoltura, pelo menos de boas ilusões quanto ao futuro do Brasil, democratização e liberdade.

Claro que as ilusões vão sendo testadas e muitas vezes descartadas. Assim, no livro, os casamentos desmancham-se e os filhos decepcionam. Mas a vida continua. No meu caso, a opção americana tornou-se realidade novamente. No caso do livro, o clã Neuman ora está em Recife, China, EUA ou Europa. Há prosperidade no livro, mas também vem a pandemia prevista por Boris, que enxerga longe. Vem também a desilusão com a democracia e com o próprio Brasil, e Fernando Dourado retrata de forma direta a corrupção e a necessidade de usar influência para sobreviver na política e no mundo dos negócios.  Enfim uma historia bem contada, um pouco convoluta e que ilustra bem o velho ditado que o Brasil não é para principiantes.

Fernando Dourado nasceu em Garanhuns, e sua mãe ainda vive em Recife até hoje. Ele apresenta a cidade e o estado com carinho, apesar de estar morando e escrevendo em São Paulo. Acabo de chegar do Brasil aonde comprei o livro e foi uma otima leitura, com altivez e tiradas de humor e sabedoria. Meus parabéns!

Uma coincidência. No Estadão de hoje (24/04/2024), um artigo de outro sobrevivente e seu caso de amor com o Brasil e também com a filha do comandante de Treblinka.

Desvendando Bastidores da Sociedade Civil: O Poder das “Personalidades em Foco”

No turbilhão político deste mês de março, as campanhas municipais ainda engatinham, mas nos corredores do legislativo, uma preocupação paira: a distribuição de recursos que moldará o destino dos futuros eleitos. Enquanto isso, o Presidente Lula segue, talvez não tão firme em seu terceiro mandato, navegando entre desafios imensos e a próxima corrida presidencial, ainda distante no horizonte político.

Porém, fora dos holofotes da política eleitoral, a sociedade civil emerge como protagonista, com suas vozes ecoando em grupos organizados em torno de interesses específicos. São federações industriais, associações comerciais, e até mesmo clubes de diversas naturezas, todos com um objetivo comum: fazer-se ouvir. Até a influência da Igreja Católica se faz presente, através da Confederação Nacional de Bispos, enquanto médicos, hospitais e empresas farmacêuticas se unem em associações para defender seus interesses. E ainda ha grupos sociais defendendo as mais diversas desde o identitarismo na esquerda ou o movimento anti-aborto na direita.

E é neste cenário multifacetado que desponta um grupo singular: “Personalidades em Foco”. Fundado por ex-membros das Forças Armadas, principalmente egressos da Marinha, este grupo agrega também líderes empresariais de renome. Em seus quatro anos de existência, já protagonizaram mais de duzentas entrevistas, reunindo figuras políticas, embaixadores, chanceleres, jornalistas de destaque e experts em diversas áreas, num verdadeiro caldeirão de conhecimento e opinião.

Mas o que diferencia este grupo é a sua missão: promover a diversidade de ideias num ambiente aberto e acolhedor, sem amarras políticas ou interesses escusos. Suas reuniões, seja pelo Zoom ou pelo YouTube, atraem dezenas de participantes ávidos por debate e reflexão. E não são apenas os notáveis que têm espaço; civis e o cidadão interessado fazem parte ao lado de ex-senadores, militares aposentados, ministros e empresários.  Enfim o grupo é seletivo, mas também aberto, tanto que até eu participo.

Enquanto interessante, o que realmente intriga é a pergunta que fica no ar: qual o verdadeiro propósito dessas reuniões? Seria apenas um exercício intelectual ou um projeto real de transformação? A resposta está nas entrelinhas, nas conexões e nas ideias que surgem desses encontros. E é nesse espaço de troca e construção coletiva que reside o verdadeiro poder das “Personalidades em Foco” e de outros grupos semelhantes: a capacidade de influenciar e transformar, de dar voz aos diversos segmentos da sociedade civil e, quem sabe, moldar o futuro do país.

Neste mundo de incertezas e desafios, onde a política muitas vezes parece distante e inacessível, é reconfortante saber que há lugares como este, onde as vozes da sociedade civil ressoam com força e determinação. É aqui que a verdadeira essência da democracia começa fazer presente, num diálogo franco e aberto, onde cada opinião conta e cada voz é ouvida e também eventualmente divulgada para a avaliação publica.

WD-40 Consolidando no Brasil

Segue um artigo de Business Wire publicado em 4 de marco.

WD-40 é um empresa pioneira, de San Diego, que lancou o lubricante industrial com o mesmo nome da companhia. Me parece que a ideia visa a expansao de distribuicao nao só no Brasil mas também em toda America do Sul.

WD-40 Company Acquires Current Brazilian Marketing Distributor

~ New WD-40 Company direct distribution market to be headquartered in Curitiba, Brazil ~

March 04, 2024 10:36 AM Eastern Standard Time

SAN DIEGO–(BUSINESS WIRE)–WD-40 Company (NASDAQ:WDFC) announced today that a definitive agreement has been entered into acquiring the company’s current Brazilian marketing distributor and long-time business partner, Theron Marketing Ltda.

“This transaction directly supports our first Must-Win Battle which is to lead geographic expansion of WD-40 Multi-Use Product”Post this

WD-40 Company and Theron Marketing have worked closely together to market and sell WD-40® Brand products in Brazil. Theron Marketing was established in 1997 to focus solely on the distribution and sales of WD-40 Company products in Brazil and does not market or sell any other products. The transaction will bring together Theron Marketing’s established workforce, customer base, and distribution logistics with WD-40 Company’s best-in-class marketing and brand building capabilities. As a result of their highly integrated and close historical working relationship, the companies expect a seamless integration.

Pursuant to the terms of the transaction, WD-40 Holding Company Brasil Ltda., a wholly owned subsidiary of WD-40 Company, acquires all outstanding shares of common stock of Theron Marketing Ltda., a wholly owned subsidiary of M12 Participações Empresarias S.A., in an all-cash offer. With this transaction, WD-40 Company will begin direct distribution within the country of Brazil immediately. M12 Participações Empresarias S.A will continue to act as WD-40 Holding Company Brasil’s logistics operator.

“This transaction directly supports our first Must-Win Battle which is to lead geographic expansion of WD-40 Multi-Use Product,” said Steve Brass, president and chief executive officer of WD-40 Company. “This acquisition will enable us to drive faster topline growth, a smoother market transition, and a shortened learning curve compared to building a direct market from the ground up.

“We are fortunate to negotiate a path forward that is in the best interest of both organizations. M12 Participações Empresarias S.A. have been an outstanding partner to us, and I want to thank them for their ongoing support over the years. I also want to extend a special welcome to all the Theron Marketing employees who have done a marvelous job building the WD-40 Brand in Brazil over the last 27 years. We are thrilled to officially welcome you into our WD-40 Company family,” concluded Brass.

“We view today’s announcement as the integration of two companies that have enjoyed a tremendously symbiotic relationship for nearly three decades,” said Milton Saling, Chairman of the Board of M12 Participações Empresarias S.A., parent company of Theron Marketing Ltda. “We are pleased that the execution of this transaction means our partnership with WD-40 Holding Company Brasil as a logistics provider can continue.”

The anticipated impact of this acquisition was included in WD-40 Company’s outlook for fiscal year 2024. The Company will provide additional details when it reports fiscal second quarter earnings which is tentatively scheduled for April 9, 2024.

About WD-40 Company

WD-40 Company is a global marketing organization dedicated to creating positive lasting memories by developing and selling products that solve problems in workshops, factories, and homes around the world. The Company owns a wide range of well-known brands that include maintenance products and homecare and cleaning products: WD-40® Multi-Use Product, WD-40 Specialist®, 3-IN-ONE®, GT85®, 2000 Flushes®, no vac®, 1001®, Spot Shot®, Lava®, Solvol®, X-14®, and Carpet Fresh®.

Headquartered in San Diego, California, USA, WD-40 Company recorded net sales of $537.3 million in fiscal year 2023 and its products are currently available in more than 176 countries and territories worldwide. WD-40 Company is traded on the NASDAQ Global Select Market under the ticker symbol “WDFC.” For additional information about WD-40 Company please visit http://www.wd40company.com.

Forward-Looking Statements

Except for the historical information contained herein, this press release contains “forward-looking statements” within the meaning of the Private Securities Litigation Reform Act of 1995. Such statements reflect the Company’s current expectations with respect to currently available operating, financial and economic information. These forward-looking statements are subject to certain risks, uncertainties and assumptions that could cause actual results to differ materially from those anticipated in or implied by the forward-looking statements. These forward-looking statements are generally identified with words such as “believe,” “expect,” “intend,” “plan,” “project,” “could,” “may,” “aim,” “anticipate,” “target,” “estimate” and similar expressions.

Our forward-looking statements include, but are not limited to, discussions about future financial and operating results, including: expected benefits from the transaction; acquired business not performing as expected; assuming unexpected risks, liabilities and obligations of the acquired business; disruption to the parties’ business as a result of the announcement and transaction; integration of acquired business and operations into the company; growth expectations for maintenance products; expected levels of promotional and advertising spending; anticipated input costs for manufacturing and the costs associated with distribution of our products; plans for and success of product innovation; the impact of new product introductions on the growth of sales; anticipated results from product line extension sales; expected tax rates and the impact of tax legislation and regulatory action; changes in the political conditions or relations between the United States and other nations; the impacts from inflationary trends and supply chain constraints; changes in interest rates; and forecasted foreign currency exchange rates and commodity prices.

The Company’s expectations, beliefs and forecasts are expressed in good faith and are believed by the Company to have a reasonable basis, but there can be no assurance that the Company’s expectations, beliefs or forecasts will be achieved or accomplished. All forward-looking statements reflect the Company’s expectations as of the date hereof. We undertake no obligation to revise or update any forward-looking statements.

Actual events or results may differ materially from those projected in forward-looking statements due to various factors, including, but not limited to, those identified in Part I—Item 1A, “Risk Factors,” in the Company’s Annual Report on Form 10-K for the fiscal year ended August 31, 2023 which the Company filed with the SEC on October 23, 2023, and in the Company’s Quarterly Report on Form 10-Q for the period ended November 30, 2023, which the Company filed with the SEC on January 9, 2024.

Contacts

Media and Investor Contact:
Wendy Kelley
Vice President, Stakeholder and Investor Engagement
investorrelations@wd40.com
+1-619-275-9304

Felicidade: Uma ciencia. Conversa com Horacio Coutinho “Toco”

Horacio Coutinho “Toco” nasceu em Curitiba mas reside em San Diego na California desde 2018. No Brasil, Horacio trabalhou com o bem sucedido rede Madero na sua grande fase expansao, e depois criou sua propria rede de restaurantes. Bem sucedido, Horacio com mais ou menos 40 anos resolveu dar uma parada e reorientar seus projetos. Ele vendeu seus negocios e mudou-se para San Diego para surfar literalmente novas ondas. Hoje Horacio é palestrante, professor e “expert” na busca da felicidade. Toco pensa que devemos pensar naquilo que queremos e e o que fazemos para conseguir aquilo. Alem de autor do livro Cartas de um Verão sem Fim, (Editora Vida Simples, 2021), ele tambem dirige o grupo Portal que visa reunir e promover a comunidade brasileira no Sul da California.

Espero que gostam:

Foto da capa do livro do Horacio.

Abraham Maslow, Hierarquia de Necessidades. (Fonte: Wikipedia)

Horacio tambem citou Martin Seligman e aqui vai um link:https://en.wikipedia.org/wiki/Martin_Seligman

Comentario de uma leitora brasileira!

Many brazilians are leaving Brazil to find a better opportunity in Europe and USA.   We need to solve our economical problem.  Otherwise, the immigration from Brazil will continue to grow.   
Unfortunately, President Lula and his team, they don´t understand macroeconomics.
In macroeconomics  : industries, services, private sectors, agriculture, turism means income to the government, as a result they bring money.  They are credit to the government. 
On the other hand, poverty, government workers, public services, etc… are debt to the government.
Ex. : President Lula is helping poverty (increase debt) by increasing income taxes.  Many industries will leave Brazil due to the income taxes increase.  As a result, unemployment will increase as well as poverty.
The best solution is to decrease income taxes by increasing the number of industries in Brazil (economy of scale), creating job opportunities.  Poverty will decrease and the brazilians will have a better standard of living.
We can end poverty in Brazil, by giving the poor women (they produce babies), a better job opportunity for them.  As a result, they will have their child in a better standard of living
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Ana Maria Reno Minucci

A leitora levanta questões importantes, especialmente a participacao das mulheres e ainda a pobreza que se liga diretamente a genero, raça e classe. Ela ainda aponta o desperdicio de inteligencia entre o obá, obá de políticas publícas que não funcionam.

Previsões para 2024

Desde pelo menos 2015, publico, no mês de janeiro, minhas previsões para o ano. Sempre achei isso desafiador, mas também um pouco divertido, principalmente pela oportunidade de avaliar no fim do ano. Isso ajuda a manter a humildade e o contato com a realidade.

Na minha convivência com o Brasil desde a década de 50, pude observar progresso, atraso e estagnação, tudo misturado. Parece claro no século XXI que o Brasil perdeu a oportunidade de seguir o caminho de crescimento econômico comparável, por exemplo, com a Coreia do Sul. No entanto, o país mais do que triplicou em população e ainda consegue alimentar uma população que hoje é majoritariamente urbana.

Nas previsões passadas, procurei sempre incluir elementos mensuráveis e relativamente objetivos. Essa abordagem ainda é válida. Vamos lá.

Crescimento Econômico: A previsão do mercado gira em torno de 1 a 1.5%, representando uma queda em comparação com 2023. Em minha estimativa, a expansão seria apenas 1% devido à escassez de recursos para investimentos. No entanto, o mercado se mostrou mais dinâmico, e aparentemente, a nova administração e a transição mais ou menos democrática proporcionaram estabilidade. Os que têm recursos gastaram, movimentando o setor interno. Embora a indústria tenha caído, espero que comércio e serviços continuem crescendo, alimentando uma expansão econômica de 1,8% a 2%.

A inflação oficial está sob controle e deve ser inferior a 5% em 2024.

Investimento Estrangeiro: Espera-se uma queda no investimento estrangeiro, com menos de 60 bilhões em investimentos diretos. O estatismo e intervencionismo do PT e Lula parecem ser obstáculos politicamente. Nem americanos nem chineses farão novos investimentos significativos. Embora haja o lançamento e expectativa para a nova fábrica da BYD na Bahia, empecilhos burocráticos impedirão o funcionamento neste ano. O Brasil continuará seu declínio industrial, embora Lula promete uma nova politica industrial.

Eleições Municipais de 2024: Nas eleições municipais, a população terá a primeira oportunidade de expressar suas opiniões nas urnas. Entretanto, a dinâmica local é diferente da eleição nacional. Acredito que o PT terá o mesmo número de prefeituras ou um número menor. A migração para o poder por parte dos prefeitos em busca de recursos do governo federal terá menos influência, uma vez que o ministério já foi distribuído por Lula. A popularidade do Presidente Lula nas pesquisas estará acima de 50%.

Educação e Saúde: Espera-se mais mudanças nos ministérios, e educação e saúde serão alvos cobiçados. No entanto, os resultados nas provas internacionais, como o PISA, não devem melhorar, mantendo o Brasil nos níveis inferiores da tabela.

Êxodo e Segurança: O êxodo de brasileiros continuará, com destinos como Portugal, Estados Unidos, Canadá, França e Austrália/Nova Zelândia sendo favoritos. A falta de segurança é frequentemente citada como motivo, e a violência de rua e o crime organizado persistirão. Apesar da estrutura profissional da Polícia Federal, o problema é de tal ordem que não há recursos suficientes para enfrentá-lo.

Impacto da Inteligência Artificial e Diplomacia: O impacto da inteligência artificial no cenário político não deve ser tão significativo, dada a familiaridade da população com os exageros das redes sociais e a polarização. Os programas sociais, como o Bolsa Família, atenuarão um pouco a injustiça social. Na diplomacia, não prevemos um rompimento com a Argentina, mas a acomodação, sem progresso com o Mercosul e acordo com a Europa. A política independente de Lula e Celso Amorim se tornará menos relevante se Trump for reeleito nos Estados Unidos.

Finalmente, nao acontecerá o fim do mundo.

Nota 7(não tão boa) para as Previsões de 2023

Estamos nos idos de janeiro e é hora de conferir o gabarito e atribuir nota às previsões feitas para o ano de 2023. Aqui está o link para o blog: Blog All Abroad Consulting

Política: Fiz 5 previsões políticas para o ano passado. O blog foi postado depois da invasão da Praça dos Três Poderes em 8 de janeiro, e havia certo temor de tentativas golpistas apesar do fracasso dos Bolsonaristas.

  1. Postei que Lula não sofreria golpe, não seria deposto por um movimento político/militar. Correto.
  2. Como Presidente, Lula tem que administrar e liderar a máquina pública e também de forma geral. Comentei que Lula seria forçado a negociar com os políticos no Congresso, como ele fez nas administrações anteriores, e que evitaria grandes escândalos como o Mensalão e o caso Odebrecht. Lula depende do Congresso e os Presidentes da Câmara e do Senado, respectivamente Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, cooperam mediante concessões vultosas, tipo 5 bilhões de reais ou quase 1 bilhão $US, através do Fundo Partidário e do Fundo Eleitoral. A eleição para prefeitos e cargos locais custará caro e também servirá como a primeira avaliação eleitoral do Lula 3.
  3. Previ que Lula iria preservar os militares através da proteção de seus benefícios e também arrumando dinheiro para seus projetos favoritos, como modernização, armas, a construção do submarino nuclear e a compra de aviões. De fato, embora o orçamento militar basicamente não tenha mudado, eles escaparam de cortes e nenhum programa foi cortado. Acerto parcial.
  4. Quando Lula assumiu, elevou o número de ministérios de 17 para 37. Previ que haveria mudanças ministeriais e ele já trocou o Ministro da Justiça com Flávio Dino saindo. Também de menor efeito houve a troca no Ministério de Turismo e Ana Moser, esportista popular, foi retirada do Ministério de Esportes. Ainda no início do ano, o primeiro a cair foi o General Gonçalves Dias, que teve seu papel, como ponte de Lula com os militares, comprometido com sua presença e atuação questionável na invasão do Planalto em 8 de janeiro.
  5. A minha última previsão política tratou de reformas políticas e eleitorais. Se mudou algo, foi como dito acima o aumento de recursos para os políticos através do fundo partidário e também da aceitação de emendas parlamentares.

Na parte econômica:

  • 6. Errei grande com a previsão de apenas 1% de crescimento. De fato, os dados do IBGE mostram uma expansão de 3.1%, ou seja, acima do esperado. A questão que precisa de resposta é: Lula tem sorte ou o Brasil tem um potencial reprimido? De fato, o setor agro propulsionou o crescimento através das exportações, mas o mercado interno também ajudou com o aumento de vendas de bens e serviços. Só o setor de manufatura continua como peso morto.
  • 7. Erro parcial aqui: acertei com a continuidade da autonomia do Banco Central e no primeiro semestre o embate entre Lula e Roberto Campos Neto fez parte das manchetes. Previ que os juros não iriam cair e poderiam até subir. Entretanto, o desempenho positivo da economia e o enfraquecimento do dólar ajudaram, com o ano terminando com a SELIC a 11.75%, dois pontos abaixo da taxa de 2022.
  • 8. Inflação também caiu nas contas oficiais. Segundo o IBGE, a inflação não chegou aos 6% que esperava, mas caiu dentro da meta sendo 4.62% em 2023. Outro erro meu.
  • 9. Privatizações e Petrobras: Enquanto Lula gostaria de reverter a privatização da Eletrobras, que basicamente representa um fato consumado. Lula freia mudanças em outras empresas estatais, notadamente nos Correios e bancos como a Caixa Econômica e o Banco do Brasil. Espero que meus leitores não levem a sério minhas considerações como “stock picker” já que esperava a queda de Petrobras na bolsa de Nova Iorque. Em vez disso, a PBR terminou o ano a quase 16.00US$ por ação comparado com um valor variando em torno de 11.00 no início do ano.
  • 10. Previ que o Brasil iria gastar mais e incrementar a dívida pública. O que parece é que não aconteceu. Com certeza não chegou a 80% que coloquei como possibilidade. Fernando Haddad, o Ministro da Fazenda, conseguiu manter a proporção, ao que parece um pouco abaixo de 75% de acordo com dados de outubro de 2023. Além disso, ele e a equipe econômica conseguiram a façanha de melhorar a avaliação de crédito de BB- para BB em pelo menos 1 das principais agências, no caso S&P. Além do desempenho da equipe econômica, a aprovação da reforma tributária fez efeito.

Quanto às previsões sociais, diplomáticas e ambientais:

  1. 11. Com Marina Silva e maior atenção para a Amazônia, os dados indicam uma queda no desmatamento e pelo menos há uma propensão maior para proteger as reservas indígenas e manter mais hectares. Entretanto, as secas que chegaram à Amazônia em 2023 são praticamente sem precedentes.
  2. 12. Realmente, Lula trouxe de volta o Bolsa Família, mas falta ver ainda os dados. No governo Bolsonaro e durante a pandemia, aumentou a fome e o Brasil foi criticado. Sem entrar na polêmica esquerda x direita, há um discurso de Lula oferecido pela imagem da picanha com cerveja, mas não temos os dados para ver se realmente reduziu a fome. Pelo que se vê na rua, a pobreza e a fome como consequência continuam.
  3. 13 Na verdade, Lula e Biden se encontraram, mas não há calor e Lula segue numa política diplomática terceiromundista. Existe a ideia de multipolaridade, mas o Brasil não tem projeção e está cada vez mais dependente da China tanto em comércio quanto em termos de visão.
  4. 14. Lula, como previsto, não tem cacife para controlar a mídia social e nem a mídia tradicional. Na verdade, ele nem tentou efetivamente.

Avaliando as previsões, temos nota 0 para a economia, nota 9,5 no aspecto político e talvez 8.5 nas previsões sociais, diplomáticas e ambientais, e NOTA 7 no acerto geral. Basicamente, Lula é o maior político brasileiro do século XXI, mas seu grande problema reside no fato de ele ser um indivíduo cujas ideias são do século XX. Falta imaginação na classe política brasileira, tanto na esquerda quanto na direita. Deveria existir um centro, mas o tal Centrão representa apenas uma aglomeração de oportunidade e de oportunistas, que levam muito, mas criam pouco. Vamos para 2024 e torcemos para que apareça alguma inteligência pelo menos compatível com a IA e possíveis avanços com a IB (Inteligencia Brasileira).

Brasil: Está chato ou está melhor?

O ano de 2023 começou com a posse de Lula, que, por sua vez, assumiu a presidência pela terceira vez. Sem dúvida, ele é o político de maior êxito, tendo angariado mais de 150 milhões de votos em três eleições. Poderíamos esperar certo otimismo, mas as expectativas foram frustradas quando os derrotados nas urnas invadiram o Planalto em 8 de janeiro numa tentativa fracassada de golpe político. Chato, não é?

O Brasil continua em busca da construção democrática e do crescimento econômico, visando atenuar as desigualdades. A divisão entre os que têm e os que não têm, e a insegurança generalizada, não apenas em termos de integridade física, mas também socioeconômica, geram posturas defensivas e culminam em polarização e ausência de consenso. Vale destacar que esse não é um problema exclusivamente brasileiro, afetando também outras democracias contemporâneas. Chato, né?

O presidente Lula iniciou seu novo mandato com um discurso de reparação e inclusão, frequentemente criticando implicitamente o governo anterior. Entretanto, Lula de 2023 enfrenta um cenário muito diferente. Nos anos de 2004 e 2008, a economia prosperava, impulsionada pelo boom das commodities, pela perspectiva do Pré-Sal e pela euforia em torno da Copa Mundial de 2014 e das Olimpíadas de 2016. Contudo, escândalos de corrupção e falhas no desenvolvimento estatal pavimentaram o caminho para a eleição de Jair Bolsonaro e a ascensão da direita sob a bandeira verde e amarela e a tentativa de tomar os simbolos nacionais. A rejeição a partidos de esquerda, como PT e PSOL, foi evidente, apesar dos resultados eleitorais de 2022. Assim, Lula foi eleito com margem mínima e governa com reduzida capacidade e carisma. Chato, né?

Apesar dos desafios, Lula e seu governo conquistaram avanços significativos. A economia cresceu mais do que o esperado em 2023, com projeção de 3% de aumento anual do PIB. Além disso, o Real se valorizou em relação ao dólar, encerrando o ano cotado em torno de 4.8, após iniciar o ano em 5.4. O setor agroindustrial se destacou, com recordes de exportações, principalmente para a China. Melhor, não? Melhor ainda, a inflacao oficial vem caindo, sendo algo como 4.7% ao ano. Melhor!

Na esfera econômica e política, o governo aprovou uma reforma fiscal, efetivamente eliminando o teto de gastos. Fernando Haddad, como Ministro da Fazenda, conseguiu controlar gastos e investimentos, apesar das pressões. A complexidade das reformas no Brasil, contudo, é evidente, com regulamentações que muitas vezes não atendem às expectativas da sociedade. Apos décadas de promessas, pelo meno há uma reforma substancial.

Há ainda uma série de problemas crônicos:

Educação: O Brasil permanece mal posicionado no ranking internacional PISA. A expansão do sistema educacional não se refletiu em melhoria da qualidade. Chato!

Saúde: O Brasil, que já foi referência em políticas como vacinação e o SUS, enfrenta desafios, especialmente após a crise da COVID-19. Infelizmente, os indicadores atuais não são promissores. Chato!

Gastos públicos: O Judiciário e o Congresso Nacional são frequentemente criticados por seus altos salários e benefícios em contraste com a realidade socioeconômica do país. Chato!

Segurança pública: A violência persiste em níveis alarmantes, tornando a vida cotidiana desafiadora para muitos brasileiros. Chato!

Meio ambiente: Problemas como o desmatamento e a degradação da Amazônia continuam preocupantes. Chato!

Empresas públicas e privatizações: As mudanças frequentes entre políticas públicas e privatizações criam incertezas, como observado com a Eletrobrás. Chato!

Falta de consenso político: A polarização política tem se intensificado, dificultando o diálogo e a busca por soluções conjuntas. Chato!

Futebol: Apesar de suas glórias passadas, o futebol brasileiro enfrenta desafios, com a migração de talentos para clubes europeus. Chato!

Apesar dos obstáculos, o Brasil ainda preserva sua rica cultura, gastronomia e relações familiares. Mantemos a esperança de tempos melhores em 2024. Tomara!

FELIZ 2024!

Christmas e Feliz Natal

This is a text that I wrote maybe in 2005. I think it is still reflective and sincere.

Feliz Natal e Paciencia com os paises e as pessoas.

Make a resolution to enjoy the holidays.  A lot of people complain about the consumerism, the false sense of obligation, the forced camaraderie and the need to be “whatever”.   And, you know, they are right.  Nevertheless, individually, we can be sincere, develop meaning, create understanding, express solidarity and just be friendly, kind and sympathetic without being maudlin or without being pretentious.

Celebrate with family, with loved ones, with friends and if you have none of these, then celebrate with others by giving of yourself and not worrying about perceptions and consequences.

Those of us who are in the United States, we have to recognize the materiality and wealth existent here.  No doubt, we have certain advantages because of the wealth, but being cognizant of this fact, there is no need for pride and pomp.  Those of us in Mexico and Brazil and other parts of the world know that our relative lack of material wealth actually brings us closer together.  Our circumstances almost force an extended network of interdependence, which, in the end, favors our recognition of others and our own humanity.  The greater unpredictability of life in the lesser-developed world makes us rely more on God and each other with somewhat greater sincerity.

Even as we turn the last page of the 2023 calendar, we look to an opportunity for renewal, hope, optimism and to facing challenges and obstacles as we begin a new story or continue a storyline already in progress but not yet quite finished.  We can write new pages in our lives and the Christmas period.  The ongoing and renewed chances of family, friend and person-to-person contact provide inspiration and a new start.

Think about the message you are sending.  What do others read, feel and see in your presence?  Think about what is really meaningful and what you want to project.  Think about where you want to go from here.  Take into account the people that you have in your journey and those you want to include as significant parts of your narrative.  Reach out and make the effort who you are and who you want to be.  Do it with your feelings, your words, your art, your music and the look on your face.

Birth, a new start, new settings, new gifts, new opportunities, renewed efforts and ongoing experiences and traditions come together nicely at this time of year.  Make the most of these even if it takes some effort on your part.

Happy and healthy days, reasonable expectations, fulfilled hopes, new challenges and enhanced solidarity are my wishes for the season. 

Entrevista com Carlos Góes, Economista e Doutorando em Economia na UCSD.

Dando sequencia a serie de entrevistas com brasileiros destacados que estao na California.

Carlos é nativo do Maranhão e ja foi consultor do Banco Mundial, da Organização Mundial do Comercio, e do Fundo Monetario Internacional. No Brasil, Carlos assessorou o Presidente Temer na area de comercio exterior e macroeconomia. Carlos tambem é colunista do jornal o Globo enfocando assuntos internacionais, comercio e macroeconomia. Em nossa entrevista conversamos sobre seu passado, a experiencia norteamericana, o quadro atual no Brasil e seus desafios. Reconhecendo os obstaculos e sao significativos, o Carlos expressa otimismo com relacao ao Brasil no medio e longo prazo.

Espero que gostam e encontram valor na entrevista que segue:

Carlos Góes, o entrevistado